Ando num frenesim de emoções e acontecimentos em torno do assunto "mudança de casa".
A Gracinha Viterbo que há dentro de mim, anda num corrupio interior que chego mesmo a sonhar com as cores das paredes da sala e a junção do papel de parede do quarto com a tonalidade do novo sommier e que tal ficará o novo candeeiro sobre a mesa de jantar. É nestas ocasiões em que fico seriamente a pensar que poderia ter ido perfeitamente para o IADE tirar decoração de interiores que não tinha vindo mal nenhum ao mundo e não iria chocar ninguem.
É igualmente nestas alturas que se apodera de mim, a certeza, há muito sabida e agora confirmada que sou péssima para tratar de burocracias e de papeladas. Para ser sincera, ainda estou incrédula comigo mesma, pela forma eficiente como consegui tratar da transferência de contrato da luz e do gás, por telefone e internet. Só a malta do SMAS de Oeiras é que é menos "prafrentex" e tem de ser no regime pessoalmente.
Estou ao rubro em termos de emoções sentidas. Se por um lado a visionária futurística que me caracteriza já anda a sonhar com o amanhã e a projectar o futuro imediatamente após o depois de amanhã, a outra que também tenho dentro de mim, a saudosista, a nostálgica e agarrada às memórias, ligada aos vários passados dos passados, entra naquele esquema de cada vez que faz uma limpeza ao "entulho" acumulado encontra sempre uma agradável memória que a faz ficar com o os olhos humedecidos. Foi hoje o caso, primeiro com um desenho meu ,feito aos 6 anos e depois com uma moleskine que não era minha, mas que me foi deixada, por alguem, como memória, de outras memórias marroquinas.
O momento da entrega da chave pela, agora ex-proprietária daquele simpático T2 com varanda sobre o mar, foi no mínimo hilariante. Estavamos ambas bem dispostas, ainda que cansadas,mas nunca pensei que a senhora em causa pudesse simular um teatrinho como aquele em que alinhei.
Soube-me mesmo bem, despedir-me dela à porta e ouvi-la dizer-me enquanto entrava para o elevador que me deseja que eu ali seja tão feliz como ela o foi. Ao que parece a casa tem optimas vibrações, boa energia e uma luminosidade incrível! Eu que nem sou nada dada a feng shui talvez vá seguir algumas coisas desta arte. Sou tão mais básica nestas ideias. Só me lembro de ter dado uma enorme passada com o pé direito quando avistei o limiar do corredor e a entrada no hall propriamente dita. E isso já me chegou como ritual.
Foi emocionante ficar ali 5 minutos calada, sozinha na sala e logo de seguida na varanda a contemplar o que havia finalmente tanto desejado e do quão trabalhoso que foi encontrar o "amor à segunda vista sob a forma de apartamento". Senti vontade de gritar o que outrora já o tive de fazer numa outra varanda por sinal próxima daquela, mas achei que não deveria usar o mesmo grito, então mudei de "... .... ... ...." para " Casa nova, vida nova!" e inspirei o ar que naquela altura de fim de dia a brisa atirava suavemente.
Senti-me sozinha, uma vez mais! Preferia mil vezes estar a fazer aquilo com a "tal companhia" que um dia sei que chegará. É custoso, no mínimo, saber que se tem um mundo para partilhar e não o poder fazer. Dói continuar a caminhada da vida sozinha, sem ter aquele aconchego mais especial no coração. Mas tenho-o de uma outra forma tão preciosa, através do amor incondicional da minha mãe, do meu pai e do meu irmão! Ao que me ocorre uma vez mais dizer:
Obrigada por tudo! Se nao fossem voces não seria possível estar a concretizar , agora, este sonho de comprar a minha casa!
Vou voltar para os meus pensamentos decorativos e para as inquietudes que estão inerente a um processo de mudança...seja ela de que ordem for!
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