Inspirada pela leitura de uma entrevista publicada numa nova revista para homens, que descobri ontem à borda da piscina, enquanto era picada por moscardos, certamente atraídos pelo cheirinho bom do meu protector ecran total, factor 40, resolvo evocar o exercício de um "soft insight"...
Despertar - Sempre cedo. Com as galinhas. Tranquilo. Poucas falas e sorrisos, mas de alma cheia. Agora sempre com o mar por companhia próxima.
Memórias - Leva-as o vento? Não!, estão em mim envoltas na minha imensidão interior. Não passa um dia que seja, em que eu não recorde. Vivo de memórias. Talvez seja devido a esta costela fortemente saudosista e nostálgia que tenho. Memórias, muitíssimo boas, as da minha infância. As férias na casa da Arrábida; o barulho das cigarras; o cheiro do creme Nivea; as batatas fritas na praia; as bolas de Berlim; os banhos de mangueira na casa dos meus avós maternos; os banhos no tanque em casa dos meus avós paternos; os fins de semana longos e sempre divertidos com os meus pais; a relva acaba de regar; o cheiro dos bolinhos quentes; os mergulhos dados do barco, em pleno alto mar; as pipocas e o algodão doce comidos na feira popular; as férias em família no Algarve; o cheiro dos lápis de cera; os passeios de turma; as turmas do colégio; as amigas de sempre...
Conforto - A minha casa. O meu espaço interior. O meu refúgio de campo. A minha família. Os meus verdadeiros amigos . A minha cama acabada de ser mudada.
Valores - Se os tenho? Muitos e fortemente vincados!! São quanto a mim uma qualidade em vias de extinção...há que já nem os tenha. Sou uma mulher de palavra; sou uma mulher afirmativa; sou integra; sou genuína; sou justa; sou diplomata e acima de tudo reconhecida e valorizada pelos outros, por os ter.
Cor - Azul, do mar, do céu. Caí-me bem ao rosto, o verde, aliás todos os tons de verde. Tendo para o branco, apesar de não o vestir, não me favorece. Fica-me melhor o preto, seja em que estação for. No verão sou vermelho, roxo, lilás, rosa...sou cor.
Gesto - O de um abraço demorado, em silêncio. Os corpos colados respirando em uníssono ou em descompensados estados de batimentos cardíacos. O estender da mão, em sinal de "eu estou aqui, para o que der e vier". O colocar de uma encharpe sobre os ombros desnudados, aquando de uma noite fria.
Toque - Sobre as minhas mãos. De preferência quente, para contrastar comigo, quase sempre fresquinha. O afagar de cabelo, o sentir do entrelaçar de uns dedos esguios por entre as mexas do meu cabelo dourado. O de uns lábios doces sobre os meus.
Sensação - Andar descalça a beira mar. Secar o cabelo ao vento de uma brisa quente. Inalar a maresia salgada que se entranha nos sentidos. Fechar os olhos, durante breves segundos, enquanto conduzo, em auto-estrada. Mergulhar nua em alto mar. Segredarem-me algo ao ouvido, de forma sussurrada. Ser embalada por uma música calma.
Cheiro - O dos corpos. O de um perfume masculino marcante. O do meu perfume de sempre - Cashmere Mist - Donna Karan.
Sabor - A morango. Gelado de morango. Iogurte de morango. Batido de morango. Sumo de morango. Morangos com açucar mascavado. Morangos com chantily, baton de sabor a morango.
Presente - Tento focalizar-me nele. Juro que cada vez mais tento fazê-lo. O hoje. O agora. O neste preciso momento.
Futuro - Será certamente risonho. Merece-o. Anseio-o. Resolvida, bem amada, a amar muito. Feliz. Segura. Confiante. Realizada. Mãe.
Sonhos - Variadíssimos. Mas os dois sonhos que comandam a minha vida, são: Ser Mãe, mas primeiro encontrá-lo, ao "tal".
Projectos - Conseguir ser jovem empresária. Ter o meu Colégio, com bercário e infantário. Contribuir para a educação de crianças felizes e amadas.
Sorriso - Sempre o de uma criança. O do meu irmão em bebé.
Sedução - Essencial para manter a chama acessa. Preciso dela e preciso fazer uso dela.
Paixão - Um estado elevado de euforia. Um trepidar constante cá por dentro. As borboletas no estômago em alvoroço.
Amor - A maior incógnita para mim. O maior desejo de estado a atingir.
Medo - O de não conseguir ter "tempo" para tudo que quero e desejo na vida. Morrer cedo ou de forma abrupta.
Morte - Não penso nela e só há pouco tempo passei a integrar, dentro de mim, de que ela existe e é inevitável.
Deus - Deixei de ser crente, em Deus, na Igreja, no que quer que seja.
Uma verdade que dói - "Já não sinto o mesmo que sentia por ti. Já não estou apaixonado, nem encantado por ti".
Dia ou noite ? Tarde.
Paixão ou Amor? Amor, com muita paixão à mistura.
Olhos nos olhos ou sem olhar? Sempre olhos nos olhos.
Na areia ou no mar? No mar.
Corpo ou rosto? Alma. Coração. Cabeça.
Tradicional ou arrojada? Quase sempre tradicional, pautada por uns laivos arrojados.
Com palavras ou em silêncio? Depende. Mas com palavras, quase sempre.
Intensamente rápido ou lentamente saboreado? Lentamente saboreado.
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