sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Directamente do baú das memórias ... Pelo Menos Isso

Tudo começou com um ou outro toque oportuno e exacto. Seguiu-se uma carícia meiga na face e um afagar de cabelo. E depois uma troca de saliva que deu lugar a uma incessante vontade de possuir-te...de seres minha, mas apenas por momentos! Assim que te conheci prometi a mim próprio que não iria contar-te histórias das carochinha...não merecias que eu o fizesse. Senti de imediato a tua insegurança e o teu jeito meigo de falar, de estar, de sorrir e de encantar. Decerto iria pesar-me na consciência se o fizesse! E eu há muito que já fiz as pazes comigo próprio, andamos sempre a aprender, sendo o culminar dessa mesma aprendizagem o reflexo da nossa maturidade emocional e relacional.
Sabes, lembras-me algo que julgava nunca mais ter a capacidade de vivênciar, por isso é que por inúmeras vezes te disse, entre dentes e sussurrando no teu ouvido « tu acalmas-me!»...talvez seja explicado pelo facto de tu conseguires trazer ao de cima o meu lado mais calmo e nostálgico. Contigo não fui excessivamente impulsivo e carnal como o sou com tantas outras mulheres. Talvez porque tu és a real personificação de tudo aquilo que não é vulgar, banal e fútil. És especial, tu sabes, a tua postura, foi isso que mais me atraiu em ti, para além de seres uma excelente companhia! Apesar de estares na “idade dos porquês”, de seres demasiado analítica e racional, davas uma óptima namorada.
Atrais-me...talvez seja essa combinação entre a menina/mulher e a “bebézinha”/ tesãozinha que tu és, que mais me atrai e que me dá vontade de mimar-te e de simultaneamente possuir-te e seduzir-te, que me desinquieta as entranhas nos meandros do espírito e do corpo.
Mas só te quero, por momentos...e de noite! Quando sofro uma significativa alteração do meu foro psicológico, quando me transformo por assim dizer...numa pessoa mais impulsiva. E suspiro arrepiado só de imaginar-te pura, quase casta, semi – nua, deitada de bruços na minha cama e coberta por todo o meu enorme corpo castanho escuro que contrasta nitidamente com o teu. O teu é incrivelmente branco, macio e desprovido de maldade, como se fosse uma folha em branco que não tem nenhuma memória escrita, nem nenhuma cicatriz que o tempo ainda não adicionou. O teu está repleto de ingenuidade e insegurança, mas ao mesmo tempo de uma fugaz vontade de ser tocado, acariciado, estimulado e igualmente possuído...o que diga-se de passagem, muito me atrai.
Descobri-te não completamente por acaso, há algum tempo que te observa de longe, sem ter necessidade nenhuma de me aproximar de ti, mas confesso que até notava a tua ausência...e um dia num ápice apeteceu-me conhecer-te, assim como beijar-te e deixar-te derretida e a suspirar por mim, louca de prazer...mais do que isso, não! Apenas envolta na minha sedução, nunca no meu coração!
Sabes que és linda quando estás toda despenteada? Dá-te um ar selvagem e rebelde esses cabelos longos, aloirados e claramente delineados por umas nuances e ondas naturais e tão sensuais. Aliás, toda tu és sensual...por cada poro do teu corpo emerge um enorme desejo de que façam sentir-te mulher...julgas que não percebi?...percebi logo no nosso primeiro encontro enquanto estivemos a conversar tendo como pano de fundo uma música calma, que combinava na perfeição com a linda marginal que fizemos, já de madruga, depois de um filme comovente para ti e duplamente para mim.
Mas depois, depois veio ao de cima esse teu lado que me repele e faz querer estar longe de ti,...irrita-me esse teu lado enfadonho, quase irracional, com tanta insegurança, tantos receios e desconfianças reunidos numa só pessoa. Pois é, caso ainda não tenhas percebido isso impede-te de viver...liberta-te!...não imaginas o que andas a perder nesta vida por seres assim...mas espero que consigas ultrapassar e te assumas como mulher perante a vida...e perante ti própria! Não nego que gostava que o fizesses colada ao meu corpo, nos meus braços, nos meus lençóis suaves como o teu corpo e nas minhas mãos calejadas que tanto te excitam quando te acaricio nos locais certos...e eu acerto sempre, não acerto?...não precisas de responder, apesar de alguma contenção da tua parte...os teus suspiros dizem tudo!...mas apenas por momentos!
És atraente e gostosa e outras coisas mais que não devo escrever porque te fazem impressão ouvir, mas que no fundo até gostas, talvez pela novidade, porque nunca ninguém o fez com esta intensidade antes de mim. E espero que para o teu bem dês o tal “grito do ipiranga” que falta acontecer, para que sejas mais segura e te sintas mais viva, porque o mereces. E sinto que o vais conseguir fazer, mas talvez precises de encontrar o tal príncipe encantado que tu achas que existe (e continua a acreditar, por favor!)...esse que vai chegar e salvar-te de homens “maus” como eu que só sabem dar-te momentos de prazer e de carinho dado a conta gotas ...mas lembra-te que eu fui sincero contigo...pelo menos isso!

2 comentários:

  1. Essa do "grito do Ipiranga" soa-me familiar... :)

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  2. Olá Patrícia! Este texto foi escrito há uns bons anos atrás. Mas essa coisa do "grito do Ipiranga" é algo que anda sempre paredes meias connosco!

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