Seguraste a minha mão com delicadeza, mas ao mesmo tempo com vontade de sentires-me firme e unida a ti. Puxaste-me num ápice, num gesto brusco e descoordenado para junto de ti. Deste nitidamente a sensação de que querias estar dentro de mim...literalmente. Não me assustaste. Não me magoaste. Mas antes porém, senti-me intimidada e desconfortável...talvez porque não estivesse à espera. No entanto, aquilo que querias era apenas e só conversar, eu é que imaginei outras coisas...quando só querias era mesmo ter-me junto de ti. Fizeste-me crer, convicto, e em sonhos, que me podias fazer ver a minha vida junto da tua, como se eu fosse uma parte indissociável de ti, um orgão vital de que necessitas para viver. Não te conheço desde pequeno Zé Pedro, mas sempre foste muito exagerado...de certeza! Deste-lhe um significado tal, que nunca pensei conseguir vir a sentir, especialmente provocado por um outro comum ser mortal que não eu. E olha que arrepiei-me e nem sequer tocaste ou chegaste perto da minha zona erógena....foram as tuas palavras...só por palavras o conseguiste! Fizeste-me rir, como aliás fazes sempre, e corar ao retractares, uma vez mais, em sonhos, aquele que seria o nosso futuro juntos. Confesso que consegui, absorta, visualizar tudo com uma perfeição tal e um nitidez incrível como se outrora já lá estivesse estado, e olha que não desgostei, mas....Tento compreender porque me inquieta essa sensação. Faz-me comichão na alma estas sensações estranhas, difusas, confusas, difíceis de traduzir por palavras e facilmente recalcáveis por seres que recorrem a esse procedimento tão comum e tão obvio de detectar para mim. Talvez tivesse sido a tua clareza de espirito, a tua sensibilidade que é uma poção mágica que dá vontade de sorver, que conseguiram com que momentos eu estivesse longe, a deambular por um futuro que não é, nem de longe, nem de perto aquele, que é a base de alimento que dou aos meus sonhos. Já sei...só pode ser mesmo a minha sensibilidade que juntamente com a tua, origina esta sensação...ou então a tua brilhante capacidade de me surpreenderes, a tua genialidade quando resolves falar a sério! Com isto sei perfeitamente que não és apenas um contador de fabulas, um inventor de histórias, um argumentista ou um D. Juan do século XXI...és bem mais do que tudo isto...talvez até sejas muito mais do que aquilo que algum dia imaginei, nos meus sonhos, na simultânea grandiosidade e pequenez que é o meu mundo interior, no meu quarto de menina, repleto de ursinhos de pelúcia e papel de parede cor-de-rosa. Apenas sei que és o dono de uma personalidade desconcertante e inquestionável dotado de autenticidade, originalidade e unicidade. Arregalas os olhos em jeito de repreensão quando, pelo meio da nossa conversa, incluo o nome do meu amor...sinto que não gostas dele...e nem sequer o conheces...disfarças tão mal, porque sei que tu não gostas é de sentir que ainda o embalo na plenitude do meu coração translúcido, verdadeiro e incrivelmente preenchido por este meu amor sentido. Irrita-te sentir que eu alimento um amor que nunca vai dar frutos. Entristece-te este meu investimento, que eu ainda o consiga mimar mesmo não tendo a recompensa deste meu amor...a correspondência e a sintonia que tanto mereço. Podes espernear à vontade, barafustar comigo que nada adianta....decididamente não és tu que vai apaziguar este meu sentimento, é o tal príncipe encantado que um dia vai chegar... Zé Pedro tu és um dos meus melhores amigos! Tens uma forma tão própria de transpareceres que me olhas como sendo um ser único, especial, quase que excepcional e gracioso que Deus te colocou na vida como uma dádiva. És mesmo exagerado...já te tinha dito? Mas, no fundo eu gosto que me vejas assim, no reconhecimento aberto, desmedido de falsas modéstias e sem aqueles salamaleques desnecessários e incómodos. Aquilo que sempre valorizei em ti foi viveres com o coração ao alto...gosto de corações ao alto, de sentimentos explanados, vividos e sentidos, nada reprimidos. Gosto de sentimentos confessados ao mundo, sem vergonha, sem medo de valorizar, enaltecer e mimar o que mais amamos...e tu és assim, sem tirar nem pôr. Quando me aflige e sinto na pele que me reprimem ou que me subestimam, lembro-me logo de ti e da tua singular capacidade para me fazeres tocar nas nuvens. Gosto tanto de ti, aprecio o facto de seres sensível, verdadeiro e honesto para contigo. É tão fácil ser-se feliz ao teu lado, sabes estar, conviver, conversar. Ainda existem pessoas que são um livro aberto, um espelho que reflecte uma imagem fidedigna e real seja qual o objecto que tem diante de si. E nunca nos zangamos...raramente o fazemos...também não temos motivos para o fazer...excepto quando tu dizes que ele não me merece...quem sabe um dia dar-te-ei razão...mas sei que queres mais do que isso...queres-me, não é?
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