Pode parecer exagero, o meu constante entusiasmo e contentamento pela aquisição da minha casa. Mas esta não é uma casa qualquer, é uma casa, é certo, mas é a minha! Ao fim de contas e depois de muitas voltas para encontrá-la e das contrariedades inerentes ao processo, posso finalmente respirar de alívio. É a minha casa! Não é emprestada, nem alugada! Estou efectivamente a concretizar um sonho que exigiu de mim muita energia canalizada.
Confesso que não sou de todo agarrada aos bens materiais, mas gosto de saber que tenho um porto seguro, um canto de conforto e um lar aconchegante.
Não sei ao certo se foi influência dos diazitos de férias que tive para conseguir fazer a mudança e acomodar-me em condições, se pelo facto de gostar tanto da casa e especialmente da zona, mas fico com a sensação que já moro aqui há uns meses, quando na realidade faz apenas hoje uma semana que vivo aqui, neste pequeno paraíso à beira-mar plantado.
Parece que sempre estive neste local e sinto que ele me transmite algo...talvez seja da paz reinante noite e dia e do ar, da brisa constante que me desajeita os cabelos mas ao mesmo tempo me oxigena a alma.
Aqui respira-se outro ar.
Tenho o mar por companhia, o campo paredes meias e ainda a vista de rio onde o Padrão dos Descobrimentos e a Ponte 25 de Abril são coordenadas no horizonte.
O acordar aqui é sempre tranquilo, envolto numa serena calmia que me transmite um estado de : "don´t worry"...e o que é certo é que ando mais calma, embora saiba que tal estado provem do meu interior e da minha capacidade de apaziguar a minha alma quando esta anda em sobresalto. Já não trago comigo uma dor de mágoa no peito.Passou, felizmente, deixando apenas lugar para a nostalgia do passado recente e o caminho sempre em aberto para a saudade. A saudade...aquela que o avançar dos dias transforma em multiplicações de sentidos afectos e a certeza que o amor assume várias formas.
Aqui os dias da semana confundem-se com os fins de semana. Não há aquele frenesim matinal que sentia em Lisboa, não há o alvoroço do elevador em plena hora de ponta.
Aqui reina o silêncio e consigo ouvi-lo na perfeição, tendo apenas as interferências dos múltiplos piares dos passarinhos.
Depois é optimo saber que se tem amigos por perto. Deve ser uma sensação estranha não se ter amigos por perto, mas eu tenho-os e conforta-me imenso saber que estou a 30 seg do João, a 5 min da Margarida, a 5 min do Diogo, a 7 min da Ana e Rui Castelo e a 10 min da Mónica.
Sinto igualmente que esta é uma casa para ser habitada, vivida e desfrutada, a dois. E depois, a três e no máximo a quatro num perfeito estado de amor puro. O que quero dizer é que este apartamento não combina com uma alma solitária, mas sim com uma família...a tal que tanto quero vir a formar junto de alguem que partilhe dos meus ideais de vida, alguem com quem possa partilhar afectos, alcançar sonhos, viver desejos, compartilhar tristezas e acima de tudo ter nessa pessoa uma alma companheira com quem se possa fazer a caminhada lado a lado.
Esse dia irá chegar, certamente...
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