Ao dar por terminado mais um dia de trabalho, com algum tédio à mistura e os olhos em bico por estar em pré-processamento salarial e só ver números e mais números - e logo eu que gosto tanto de palavras. Entrei no meu veículo de quatro rodas com destino a casa. A meio da 2ª circular e para dar descanso ao Neon Tiger, dos The Killers que desde há um mês e tal a esta parte oiço repetidas vezes ao dia, quase ao estilo obsessivo e mudo para "Rádio" e "pesquisa". Deparei-me com uma estação sem nome, mas que estava a passar boa música portuguesa, mas de clássicos. Esperei que a Simone perdesse o piu com a "Desfolhada" e a seguir deu esta canção fantástica, de seu nome "No teu Poema".. Após uma breve pesquisa, descobri que foi interpretada pelo Carlos do Carmos ( outro clásico) no XIII Festival RTP da canção 1976.
No teu poema
Existe um verso em branco e sem medida
Um corpo que respira, um céu aberto
Janela debruçada para a vida
No teu poema existe a dor calada lá no fundo
O passo da coragem em casa escura
E, aberta, uma varanda para o mundo.
Existe a noite
O riso e a voz refeita à luz do dia
A festa da senhora da agonia
E o cansaço
Do corpo que adormece em cama fria.
Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco, a raiva e a luta de quem cai
Ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
Existe o grito e o eco da metralha
A dor que sei de cor mas não recito
E os sonhos inquietos de quem falha.
No teu poema
Existe um cantochão alentejano
A rua e o pregão de uma varina
E um barco assoprado a todo o pano
Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco, a raiva e a luta de quem cai
Ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
Existe a esperança acesa atrás do muro
Existe tudo o mais que ainda escapa
E um verso em branco à espera de futuro.
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