quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Lamentos

O reino dos lamentos não é de todo como o mundo encantado da Leopoldina, onde há reis, princesas, dragões. O reino dos lamentos é um lugar sombrio no mundo interior de cada um de nós, onde vegetam acorrentados as amarguras, as desilusões, as frustrações, as magoas, que se vão somando à vida em jeito de formula matemática, mas de multiplicação.
O lamento faz fronteira marítima, terrestre e aérea com uma panóplia de sentimentos, como o inconformismo crónico ou o pseudo inconformismo, a dor crónica ou uma espécie de dor.
Hoje em dia lamenta-se por tudo e por nada! “Lamento, mas já não tenho mais bolinhas de mistura”; “Lamento, mas hoje não posso ir à aula de ténis”; “Lamento, mas a bomba 3 está em pré-pagamento”.
Mas que raio de lamentos são estes? Isto são apenas constatações, que não devem ser abraçadas pela palavra “lamento”.
Lamenta-se por se lamentar. Como se o lamento fosse uma espécie de alimento para as almas que andam em crise e em recessão, não económica, mas emocional.
Viver em consonância com os lamentos, é aceitar que por vezes deparamo-nos com o lado oposto daquilo que esperamos da vida e é admitir que “toda a alma tem uma face negra / nem eu, nem tu fugimos à regra”.

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