terça-feira, 21 de junho de 2011

SOU ...

Para não cair redonda segurei-me a uma saliência da ínfima capacidade que tenho em sonhar e perdi-me por lá, embora sem ter pé assente em terra firme…mas deixei-me estar, a vaguear, de coração aberto.
Quando me perco nas minhas fotografias de criança, nos flash dos momentos que tenho gravados, vejo sempre aquele meu olhar lúcido, típico de um ser de luz, de esperança e acima de tudo uma alma boa, genuína e pura.
Com o passar dos anos e da caminhada que tenho vindo a travar, tem-me acompanhado, essa vertente fortemente enraizada em mim, que se pauta pelo sonho constante e pela capacidade de fantasiar, para além do que se avista a meia dúzia de metros.
Sou muito mais além do que aquilo que aparentemente surge, sou muitíssimo mais profunda na intensidade do sentir e acima de tudo na imensidão do verbo contemplar.
Sou provavelmente ainda aquela princesa encantada em busca do sentido da vida, o profundo sentido da vida. Para mim tudo não pode ser resumido ao simples acto do existir e do respirar. A vida apresenta-se perante mim, como uma parafernália de experiências, de formas de estar, de ser e acima de tudo pautada por vivências, momentos e acontecimentos marcantes e a maior parte deles inesquecíveis. Se há coisa que tenho apreço em mim, que admiro em mim, é esta minha forma de caminhar na vida carregando tudo em ombros e no coração, repleto por sinal. Possuo uma capacidade incrível de manter em mim tudo vivo, mesmo que sejam memórias de outros tempos. E se há coisa que sei fazer é saber mantê-las vivas em mim, cheias de força e com uma clareza tal, que contagia, mesmo com o inevitável desgaste do passar dos anos. Acho que sou autêntica e isso faz a diferença, em muitas das vezes.
Sou um livro de memórias. Sou uma biografia de capítulos vastos e mil e uma histórias de encantar, de recordar, de mimar.
Sinto que muitas vezes sou um enorme baú velho, empoeirado por fora, mas repleto de tantos “tudos” no seu interior. Sou uma coleccionadora de arte, mas daquela que vai juntando, através dos fragmentos que os outros potenciam em mim, uma soma de vivências. Sou a soma das partes, das várias pessoas que se cruzaram, que se cruzam e que certamente se cruzaram em mim.
Sou uma tatuagem definitiva... de uma borboleta de asas abertas ... para a vida!

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