terça-feira, 12 de julho de 2011

O último dos lamentos: a casa !

Confesso que chorei copiosamente mal cheguei a casa, depois de ter visto a placa da Remax a dizer: VENDE-SE, colocada na tua casa, mas por mim sentida desde o primeiro minuto como a “minha” ou a “nossa” casa.
Os teus planos de partir paredes e adquirir o imóvel do lado eram generosos e muito interessantes. Difícil seria só subir as escadas todos os dias com o “ João Maria” no ovinho, mais a tralha toda atrás, que uma criança acarreta. O problema das compras de supermercado estava há muito por ti solucionado.
Mal vi o raio do “VENDE-SE”, veio-me logo à memória o dia em que te conheci, por causa da bendita casa. Gostei logo de ti, apesar de me teres feito esperar quase 45 min, mas depois percebi logo que foi por causa do exame da bactéria.

Senti um imediato momento de empatia reinante à entrada do prédio e depois quando abriste a porta e me deparei com a entrada directamente para a sala que deixava ver a fabulosa vista da varanda, só me apeteceu dizer-te: “ A tua casa é a minha cara”; “ Até parece que esta casa foi remodelada para mim, ao meu gosto” ; “Aqui vou ser feliz!”.
E fui feliz ali sim J. mas apenas como visita, pois não chegou a ser minha depois da novela marroquina “ vendo-te a casa/ não te vendo a casa” e não chegou a ser “a nossa”.

Adiante.

Fui feliz e em cada canto dela, tenho memórias muito nossas, flashs muito reais e fidedignos de algo que passou e já não vai voltar. Estão em mim, envoltos na minha ínfima capacidade que tenho em memorizar e em recordar.
Como ando a chorar as mágoas e a deixar-te sair de mim achei por bem fazer também fazer o luto da venda da casa. Sentir que nunca mais lá vou entrar e contemplar canto, em jeito de recordação das memórias que continuam em mim vivas e muito frescas, causa-me uma profunda angústia. Bem sei que é só uma casa, é apenas tijolo, cimento, paredes, papel de parede, tudo algo material, mas foi graças ao facto de ela existir que eu tive a felicidade de te conhecer. E agora o VENDE-SE, é mais uma um comprovativo do “nosso fim”.

Tenho tanta pena J.


Apeteceu-me vê-la uma vez mais, mesmo que ao de longe e já despida do original que tenho em memória detalhada, para todo o sempre. E dei um saltinho ao site da Remax. Continua bonita, mas pelo facto de teres tirado uma série de coisas, perdeu o teu cunho pessoal. Já não é a tua cara, nem a minha!
Fiquei com saudades da cama, da mesa-de-cabeceira, dos cortinados, do sofá da sala, do tapete, da mesa de jantar, dos bancos corridos, do móvel da tv, do candeeiro de pé da sala, da moldura do WC… e acima de tudo de nós ali, os dois juntos.

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